APWW ou WWA Portugal? As duas!

A APWW – Associação Portuguesa de Wakeboard e Wakeskate fez em Dezembro de 2016 dez anos de existência. Fomos falar com os membros fundadores Luis Braga (LB) e João Reis (JR) e com o atual presidente André Matos (AM) e tentar perceber os motivos da criação da APWW e qual o futuro.

1) Porque surge e quando surge a APWW?

JR: a APWW surge da necessidade de criar uma entidade idônea e de alguma forma “apartidária” para a promoção do Wakeboard e Wakeskate numa altura que a Federação Portuguesa de Ski Náutico tutelava as respectivas modalidades e aparentava estar inativa. Precisávamos de uma entidade que regulamentasse e organizasse competições de wakeboard e wakeskate e para quem fosse prioridade máxima a divulgação e promoção das mesmas.

LB: faço minhas as palavras do João. Há 10 anos atrás ambas as modalidades estavam em franca expansão em Portugal. Como éramos praticantes assíduos, sentimos que faltava algo que nos representasse e que potenciasse os talentos que na altura existiam. Criar a APWW foi um passo natural.

2) A APWW foi o grande impulsionador do wake em Portugal. Lembram-se de alguns momentos chave?

JR: Não consigo afirmar que a APWW foi o grande impulsionador do wake em Portugal, houve em tempos outras associações que fizeram muito pelo desporto e com bons resultados, o que posso afirmar é que a APWW fez tudo o que estava ao seu alcance para que o wake chegasse a mais pessoas e que fosse mais e melhor divulgado. Relembro que,por exemplo, a piscina criada durante uma Nauticampo na Feira Internacional de Lisboa foi um enorme sucesso. Para mim foi um dos momentos chave.

LB: Sim, o evento na Nauticampo foi um dos mais marcantes. Recordo-me do circuito nacional de 2012 como sendo um grande circuito com muitos participantes.

AM: Para mim foi sem sombra de dúvidas a organização do WWA Supra World Championship em 2015, no Lago Azul, Castelo de Bode. Ter os melhores do mundo em Portugal pela primeira vez com uma audiência total de 20.000 pessoas ao longo de 4 dias, foi de facto marcante. Foi até considerado como sendo o melhor Worlds de sempre, pela WWA.

3) Quais foram os grandes desafios da APWW?

JR: Dar a conhecer dois desportos de alguma forma conhecidos por elitistas e ao alcance de muito poucos é o maior desafio que podíamos ter, quando o que pretendíamos era que o maior número de pessoas tivesse a oportunidade de experimentar e conhecer, segundo, convencer marcas não relacionadas com o desporto a envolverem-se e apoiarem estas modalidades

LB: para mim foi conseguir fazer mais com muito, mas muito pouco. Os recursos da APWW eram escassos e totalmente dependentes dos apoios privados. Não nos podemos esquecer que a APWW não era e não é uma federação e por tal não tem financiamento previsto em orçamento de estado.

4) O que consideram faltar para que tanto o wakeboard, wakeskate e wakesurf se posicionem definitivamente como os grandes desportos de verão em Portugal?

JR: É difícil dizer o que falta, acho que se soubéssemos já o teríamos feito. Acho que estamos no bom caminho com todas as infraestruturas criadas e todos os esforços dos últimos anos em trazer eventos internacionais por forma a que as pessoas conheçam e se sintam tentadas a experimentar, acho que de alguma forma o wakeboard, wakeskate e wakesurf já são esses grandes desportos de verão no interior do país, em barragens ou lagos onde a prática das modalidades já é uma constante e a procura é grande.

AM: Falta apenas continuar o trabalho dos últimos anos. Mais e melhores eventos, mais media, melhorar as infra-estruturas que existem. No fundo criar mais e melhores condições para os novos praticantes. Vemos que por exemplo, o aparecimento de novos cables (Furia Cable Park, Wake Salinas, Wakeboard Portugal Resort), levou a um aparecimento de novos praticantes e todos esses locais já têm pequenas comunidades de praticantes locais que tendem a crescer todos os anos. Prevejo um futuro risonho para o Wake em Portugal se continuar assim. As condições naturais para a prática existem, talvez sejam até das melhores do mundo… Os praticantes virão logo atrás.

5) André, esta pergunta é especifica para ti. Sabemos que o teu envolvimento na APWW e no Wake foi de tal forma inesperado que até mudaste totalmente de vida por causa disso. Podes explicar como?

AM: Sim… Inesperado foi de certeza! Bem, long story short, a minha entrada na APWW surge por convite da anterior direção (Braga e Reis) em condições cujos detalhes não vou partilhar! (risos). Enfim, a história é conhecida, entrei na APWW porque eles acharam que eu poderia ajudar de alguma forma a associação. Na altura trabalhava numa pequena agência de ativação de marca e organização de eventos em Lisboa e já passava todo o meu tempo livre a ir para Castelo de Bode para fazer um wake. Cheguei a ir várias vezes no final do dia, saía de Lisboa às 17h e voltava às 23h… Só quem passou um final de tarde no lago é que percebe o quão bom é!

Bem, o que começou como uma brincadeira rapidamente se tornou sério e percebi que havia potencial para fazer algo mais. Mas isso implicaria uma dedicação diferente de minha parte… E assim foi. Entrei para a presidência da APWW em 2011 e despedi-me da agência em 2013. Hoje estou totalmente dedicado ao Wake, tendo até assumido uma pasta na WWA (World Wake Association) enquanto Diretor das Operações Internacionais. Ou seja, há 5 anos viajava para fazer wake em lazer, hoje viajo para organizar eventos de Wake em vários países do globo… Mas sim, mudei de vida… Para muito melhor! Nem todos têm a sorte de fazer do seu hobbie a sua vida profissional!

6) Que novidades podemos esperar para 2017 e para os anos seguintes?

AM: Muitas! Este ano teremos mais um evento internacional da WWA em Portugal, desta feita em Cable (Lago Azul) no final do mês de agosto. O lançamento da RIDELINE Portugal e da WWA Portugal é também uma grande novidade, talvez até a mais significativa de todas.

7) Falaste da RIDELINE e da WWA PORTUGAL. Podes explicar um pouco mais?

AM: Tanto o João como o Braga referiram ao longo da entrevista que a APWW tinha e tem escassos meios e que é fundamental que as modalidades apareçam mais nos media. Concordo a 100% com eles. Hoje em dia é muito difícil ter espaço nos media nacionais, até porque o Wake é ainda pouco conhecido. Precisamos de mais media para atrair mais patrocinadores. No entanto, não conseguimos ter media porque, não tendo tantos patrocinadores como desejaríamos, os eventos também são de menor dimensão. Sendo de menor dimensão, não têm a tração mediática que precisamos. Enfim, em bom português, é uma “pescadinha de rabo na boca”.

No último, já a cumprir funções na WWA, percebi que este drama não é só português. Muitos países que visitei têm o mesmo desafio. Fui partilhando esse feedback ao presidente da WWA, Shannon Starling e decidimos avançar com um programa já há muito planeado, de ajudar os parceiros que temos em vários países com um conjunto de ferramentas que os possam ajudar a fomentar as modalidades localmente.

A RIDELINE é uma publicação digital e é apenas uma delas. Naturalmente tornar-se-á no maior media outlet do mundo (dentro do segmento das publicações de Wake) e cada país parceiro tem acesso a uma parte da publicação para inserir conteúdos locais. Pode inclusivé, usar parte do espaço para vender publicidade. As receitas revertem para o parceiro e servirão para o ajudar a organizar de uma forma mais consolidada a sua estrutura e potenciar as modalidades.

Ou seja, a WWA cria uma publicação digital (revista), fornece a maior parte dos conteúdos (em inglês) e dá ao parceiro de cada país, que no caso de Portugal é a APWW, a hipótese de criar conteúdos locais e vender advertising. A grande vantagem é que sendo uma publicação digital global, este artigo pode ser facilmente visto por alguém na China ou nos EUA. Trazemos uma expressão global ao Wake nacional e isso é life changing.

Se somarmos à RIDELINE todas as outras ferramentas que a WWA nos fornece, diria que agora sim, temos tudo o que precisamos para podermos olhar para o futuro com outros olhos.

No fundo a APWW agora também é WWA Portugal. Tem acesso às ferramentas globais da WWA, permitindo-nos operar com uma estrutura com uma escala que nunca imaginaríamos ter.

Em dezembro de 2016, a APWW fez 10 anos. Nos últimos 2 anos Portugal já foi visitado pelos melhores wakeboarders e wakeskaters do mundo. Portugal foi palco do que foi considerado o melhor World Championships de sempre da WWA. Castelo de Bode tornou-se no destino turístico que tanto ambicionávamos. O wake foi um veículo de promoção turística da região e do país e hoje Portugal já é visitado por praticantes estrangeiros que o consideram como um destino de eleição. Vemos cables a surgirem por todo o país, vemos escolas de wake a reaparecerem, vemos pessoas interessadas em saber como se podem iniciar.

Imaginem tudo isto agora visto por centenas de milhares de pessoas em todo o mundo. A RIDELINE será o catalisador que tanto esperávamos.

 

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